sábado, 14 de março de 2009

Ana Free no Teatro Cine


Actua hoje à noite no teatro Cine de Gouveia. A não perder. Para quem sabe pouco sobre a cantora, aqui fica o extracto de um texto de um admirador seu: 'pai inglês e vive em Inglaterra. Quem é Ana Free?? Pesquise-se o seu nome no Google. É um daqueles fenómenos inexplicáveis. Um verdadeiro "case study" para os estudiosos da sociedade da informação digital. Mesmo sabendo quão repentina e global pode ser a fama através da Internet, continuo sem perceber o que está na origem e propagação deste caso. Refiro-me a uma tal cantora chamada Ana Free. É portuguesa O Google devolve mais de 6 milhões de resultados na Internet. Coloque-se o seu nome no YouTube e surgirão dezenas de vídeos da dita cantora filmados de forma absolutamente caseira e acompanhada apenas da guitarra. A cantar canções originais e algumas versões de temas comerciais famosos (Rolling Stones, Ben Harper, Nickelback...). Alguns desses vídeos contam com mais de meio milhão de visionamentos. Meio milhão para alguém que era totalmente desconhecida há um par de meses, não tinha qualquer disco editado nem concertos realizados, nenhum apoio do circuito comercial e zero trabalho de marketing ou publicidade. Só agora editou um single que toca insistentemente na rádio - "In My Place" e saltou para o primeiro lugar do top iTunes Portugal. O sucesso abrupto de Ana Free foi aproveitado para uma publicidade televisiva da Zon (aqui), o que lhe garantiu ainda mais exposição mediática (e repare-se como os publicitários tiveram o cuidado de indicar uma legenda a dizer "uma história verídica"). A imprensa e as televisões, quais tubarões com fome vampiresca de mediatismo, já começaram a apontar holofotes para a Ana Liberdade.
Nos últimos dois anos surgiram diversos grupos e músicos que despontaram para o êxito maciço a partir da Internet como única plataforma de promoção (dos Artic Monkeys a Mika), mas o caso de Ana Free reveste-se de contornos ainda mais extremos em termos de disseminação virtual. A questão coloca-se deste modo: Ana Free é uma intérprete (cantora e guitarrista) absolutamente mediana, como há milhares de outras em todo o mundo - o Myspace tem 8 milhões de bandas/músicos amadores registados. Não canta mal, é certo, toca guitarra como mandam as regras, mas não se lhe vislumbra uma centelha de criatividade ou originalidade na abordagem musical. Colocou os seus vídeos no YouTube como milhões de outros jovens. Tem legítimas aspirações ao estrelato como milhões de outros jovens. Ora, como foi possível que uns vídeos caseiros de uma vulgar jovem a cantar umas canções acústicas insossas tenham servido de base para tamanha exposição planetária, quando há milhares de outros músicos amadores (porventura bem mais talentosos e inspirados) que não conseguem tal feito? Como se propaga, na sociedade da comunicação digital global, um fenómeno destes, em detrimento de tantos outros? Da mesma forma como surgiu de rompante este fenómeno, que continua a crescer, poderá com a mesma velocidade estatelar-se no limbo do esquecimento. É uma questão de tempo para verificar o resultado desta bola de neve imparável. A Internet pode ser o "eldorado" das oportunidades, mas também pode tornar-se no cemitério súbito para aqueles que se deslumbram com o sucesso imediato. Concluindo: daqui a uns anos poderemos ter esquecido completamente o nome de Ana Free, ou então, poderemos vê-la a encher o Parque da Bela Vista num mega-concerto para 60 mil pessoas.'