sexta-feira, 20 de março de 2009

Dia Mundial da Floresta...e dos lucros da EDP


Em véspera do Dia Mundial da Floresta, acho pertinente lembrar um procedimento recentemente adoptado pela EDP.
Esta empresa, agora com o seu call-center sediado em Seia, contrata pessoas a empresas de trabalho temporário e treina-as para um único objectivo. Saberem fazer chamadas em catadupa para casa e para os telemoveis dos seus clientes a fim de os convencer a aderir ao sistema da facturação electrónica.
A ideia é que todos (ou o maior número) aceitem deixar de receber em casa um envelope com uma folha dentro e passem a receber um e-mail no seu computador com os elementos da factura mensal ou trimestral.
Até aqui, nada de anormal...
O que defrauda, por só dizer meia verdade, é a retórica do contratado. Quando se apercebe da indecisão do destinatário da sua chamada ou da sua inclinação para recusar o convite, o Senhor ou a Senhora, já devidamente formatados, argumentam que a opção é amiga do ambiente e da floresta, porque quanto menor fôr o numero de folhas e envelopes de papel impressas e enviadas, menor é o numero de árvores abatidas.
É certo que assim é. Mas também é certo que se não fôr a EDP a imprimir as facturas será o cliente a fazê-lo depois de abrir a sua caixa de correio electrónico, já que mais não seja para instruir a sua declaração de IRS e ficar com o registo em suporte de papel.
Bem vistas as coisas, a EDP pretende transferir para o cliente o ónus de ser ele a suportar despesas que até agora lhe couberam a ela. Isto para já não falar nos milhões que poupará em portes de correio postal com a remessa da factura em envelope de papel.
Em nome de principios ambientais e de conservação da natureza, a nossa EDP prossegue objectivos puramente economicistas, recheando os seus cofres com uma floresta de euros.
Também está bem. No poupar é que está o ganho. Escusa é de pôr uns jovens (alguns de Gouveia) a fingir.