quinta-feira, 5 de março de 2009

Tolerância 30

Intriga-me que o limite de velocidade nas auto-estradas portuguesas seja de 120 Kms.
Com os automoveis contemporâneos e com a qualidade que, em regra, essas vias apresentam, esse limite parece curto, quase absurdo.
Aliás, se repararem, quase ninguém circula a essa velocidade e quem o faz vai normalmente distraido ou quase adormecido, transformando-se, por isso, num ser potencialmente demolidor.
É a própria Policia que despreza e ignora esse limite, pois não persegue nem multa ninguém que transite a 121, a 131 ou a 141 Kms à hora.
Diz-se (e parece que é maioritariamente assim) que só acima dos 150 Kms/h é que a Policia actua e autua, claro que com honrosas excepções.
Se virem uma comitiva governamental a passar, mesmo com o ministro que aprovou ou que permitiu que essa regra se mantivesse no Código da Estrada, vejam lá se não circula a muito mais de 150 Kms/h. Bem sabemos que as eminências vão trabalhar e têm de chegar a tempo, como aliás quase todos nós quando nos excedemos na velocidade. A diferença é que uns pagam, outros nem por isso...
Lembram-se do episódio, não muito distante, do Director Geral de Viação, que foi interceptado a mais de 200 Kms/h? Não sei se foi punido e se foi ou não inibido de conduzir, mas sei que se encarrega disso quando são os outros a fazer o que ele fez.
Comentários à parte, o que interessa é que legislamos para nada, ou então somos condescendentes, hipocritas e baldas quando deviamos ser rigorosos, sérios e responsáveis.
Já que nos vendem carros que ultrapassam, na sua grande maioria, os 200 kms/h, porque não fazemos como os alemães, que não impõem qualquer limite de velocidade nas auto-estradas, sem que com isso tenham mais acidentes, bem pelo contrário?
Ou então, porque razão não fixamos em 150 Kms/h o nosso limite? Não é esse o que tacitamente vigora? Não é esse o que todos nós já assimilámos como sendo contra-ordenacionalmente inofensivo?

A tolerância zero foi só para o IP5. Agora é a tolerância 30. Não a acho pior nem melhor. Acho-a ridicula, acho-a um verdadeiro improviso 'tuga', acho-a uma 'brincadeira' própria de um País sub-30.
Noutros lados, ou é ou não é. Por cá, pode ser, logo se vê...