Gouveia acordou diferente. Branca. Cheia de paz. Pelo menos na zona onde eu moro. Mas não há bela sem senão. A alegria de vermos tudo de outra cor contrasta com a tristeza de algumas atitudes. Estamos mesmo impreparados para lidar com um fenómeno que é nosso e que já devia fazer parte das nossas vidas. Mas não. Aproveitamos uma benção natural, para penalizar alguém sem justificação verdadeira e ponderosa. Pela manhã pus-me a caminho para o meu trabalho, onde cheguei sem problemas. As estradas estavam todas transitaveis. Na Instituição do meu destino, mesmo aqui ao lado, em Seia, logo me informaram que a única funcionária faltista era de Gouveia. Tinha telefonado a dizer que estava 'presa' na neve... Assim, desta forma, invia e fabricada, lá temos mais uma cidadã da nossa terra a contribuir para o ócio e para a improdutividade. O patrão que se arranje. Os outros cidadãos que precisam do seu trabalho que se amanhem!!! Que importa isso...
Mas há mais:
Ontem, os professores fizeram greve para lutarem contra as malfeitorias que o Governo lhes tem feito. Fizeram bem. Hoje, obrigaram os alunos a fazer greve para estes não terem de lutar contra as malfeitorias da neve e do frio. Fizeram mal. As Escolas de Gouveia não estavam inundadas de neve. Os acessos não estavam interrompidos, pelo menos todos. O alto Concelho podia ter problemas e os autocarros podiam ter dificuldades em circular. A solução seria, pois, deixar em casa os alunos de Folgosinho, Aldeias, Freixo e Figueiró e trazer os outros para a Escola, pois precisam de aprender. Nada disto. Por causa de três ou quatro dezenas de alunos, os professores, ou quem os dirige, deram férias às restantes três ou quatro centenas. É claro que eles agradeceram. O País é que não. E os pais também não. Depois queixem-se que estamos pior que o Burundi...