Ontem enganei-me num zero. Foi 100 milhões de euros (e não 1000 milhões), o montante que o Ministro da fotografia e o governo de que faz parte investiram na Qimonda.
Mesmo assim, foi um atentado. Uma espoliação dos nossos cofres, já cada vez mais vazios. Fomos otários. O Eng. Sócrates 'investiu' em 1800 trabalhadores 100 milhões, quando o Estado Livre da Baviera, para uma unidade com mais de 10.000 trabalhadores, deu apenas 150 milhões. Que tristeza...
Ora veja como a imprensa alemã nos deixa envergonhados com o´'negócio'. E como é peremptório nos seus juizos:
Vejamos o que ela diz:
«A Qimonda nunca teve futuro» - Financial Times Deutschland.
« 150 milhões do Estado Livre da Baviera, 100 milhões de Portugal, onde existem 1800 trabalhadores, foram inúteis para estancar aquela poço sem fundo. Assim, o pedido de falência acaba por ser quase um grito de libertação.» - Fränkischer Tag
«Os empregos na Qimonda nunca tiveram futuro [pois] resultaram do sonho de políticos e gestores e, de facto, só foram possíveis com financiamentos estatais." - Süddeutsche Zeitung
« A falência da Qimonda enquadra-se numa série de falências repetidamente cometidas pela economia alemã no segmento da electrónica. Ela prova apenas que, de forma sustentada, esta indústria não tem futuro em solo alemão.» - Koelner Stadt Anzeiger
«A Qimonda tinha grandes vantagens competitivas no plano tecnológico. Todavia, a empresa não ganhou nada com isso. Agora, está ameaçada pelo efeito dominó (...). O caso Qimonda mostra que o Estado deve abster-se de intervir em empresas falidas.» - Leipziger Volkszeitung
«Resta a esperança de um investidor [para comprar a Qimonda]. Todavia, isto é altamente questionável. De facto, todos o sabem, a Infineon há meses que, sem sucesso, procura um comprador para a sua infeliz subsidiária.» - Heilbronner Stimme.
E agora, aqui fica o comentário de um português avisado:
Será que foi usada informação deficiente ou falsa para instruir o processo que permitiu a concessão de tão elevado subsídio? Ou, pura e simplesmente, estamos perante uma acção irresponsável, que conduziu à perda de 100 milhões de euros? O mínimo que se exige é que isto seja investigado.E é indispensável que não se jogue mais dinheiro à rua sem analisar o complexo quadro em que se move esta empresa.Quem detém a titularidade das 20.000 patentes? Quem ficará com elas? Até que ponto a fábrica de Vila do Conde não se transformará num monte de lixo tecnológico prisioneiro dos adquirentes das patentes? O Governo deveria pensar é em reclamar os seus créditos no processo de falência que corre na Alemanha, com a mesma diligência com que o faz nos processos de insolvência que correm em Portugal. Antes que passe o prazo... Mais uma achega... Em 2005 rebentou na Alemanha um escândalo que abaloou a holding Infineon (spin-off grupo Siemens), O PGR da Baviera/Munique abriu um inquérito sobre universo Infenion por alegados crimes de suborno, abuso de confiança e fuga fiscal;Foram indiciados: 1) Andreas von Zitzewitz, então COO (Chief Operation Officer) e presidente da divisão de semicondutores (chips = Qimonda); 2) Harald Eggers, ex-gestor da Infineon, líder da empresa tecnológica Suiça Unaxis Holding AG; 3) Udo Schneider, quadro superior da agência de patrocínios BF Consulting.No dia 18 de Julho de 2005, Andreas von Zitzewitz demitiu-se da presidência da Infineon.Basta ler o Frankfurter Algemeine Zeitung e o Der Spiegel... Porque raio é que nos hão-de continuar a tratar (a nós aos contribuintes...) como cidadãos do terceiro mundo?
Veja-se a lista diária das falências portuguesas. Com estes não reune o ministro Manuel Pinho...