domingo, 1 de fevereiro de 2009

o país do vexa

Eis a tomada de posse do nosso conterrâneo Dr. Gil Barreiros como Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito da Guarda.
Foi ontem, último dia de Janeiro, no salão nobre dos Bombeiros de Gouveia.
A eleição e o cargo deste ilustre e dedicado cidadão merecem registo público.
Médico conhecido, candidato a Presidente da Câmara e vereador em anteriores mandatos, Director do Centro de Saúde e Presidente da Sub-região de Saúde da Guarda, este Gouveense adoptado deu o salto de Presidente da Direcção dos Bombeiros de Gouveia para 'Comandante Supremo' do Distrito.
Esta sua entrega ao associativismo e ao voluntariado, ainda por cima numa Corporação disputada e de decisões nem sempre fáceis, dignificam a sua personalidade e enriquecem Gouveia. Que o futuro lhe deixe uma marca na história...
Aqui ficam, pois, as felicitações de alguém que sabe reconhecer os esforços e as conquistas dos seus concidadãos.
O pior da festa foram mesmo os discursos. Não o conteúdo dos mesmos, justificado e adequado ao momento, mas a 'forma inicialmente' usada por todos os oradores. Falaram seis pessoas e todas elas começaram a sua intervenção à boa maneira portuguesa. Enfadonha. Previsivel. Irritante. Escusada. Salamaleque. Antiga. Demodé.
Bem sei que é o que se usa e ai daquele que se atreva a violar o protocolo.. Mas ninguém sabe ao certo com que sentido se começa um discurso sem sentido. Toda aquela gente, sem excepção, antes de vociferar alguma coisa de relevante, disse mais ou menos isto: Senhor Presidente da Federação dos Bombeiros da Guarda e Presidente da Direcção dos Bombeiros de Gouveia, Senhor Presidente da Assembleia Geral da Federação dos Bombeiros da Guarda, Senhor Representante da Senhora Governadora Civil da Guarda, Senhor Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntarios de Gouveia, Senhor Vice-Presidente da Câmara, Senhor Representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, Senhor Presidente da Protecção Civil do Distrito da Guarda, Senhor Presidente cessante da Federação dos Bombeiros da Guarda, Prof. Madeira Grilo, Senhor Presidente do Conselho de Jurisdição Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, Senhor Comandante dos Bombeiros de Gouveia, Senhores representantes da Associações de Bombeiros do Distrito aqui representados, Autoridades Policiais, Corpo de Bombeiros, Senhoras e Senhores, convidados, comunicação social.
Mais coisa menos coisa, ouviram-se estas exéquias seis vezes (tantas quantas as intervenções) sempre como ante-câmara de uma palavrinha que chamasse a atenção. Num conjunto de quatro minutos de discurso, dois deles são perdidos nestas insignificantes e desnecessárias referências.
Sinceramente, quando me incomodam com tantos títulos e tão nominativos, penso sempre que as palavras seguintes são ocas e desinteressantes. Cheira a truque, a batota, a alguém que não tendo nada de relevante para dizer, pensa, com gáudio, que branqueia o conteúdo, o sumo e a essência do que vem a seguir com umas banalidades que caem bem.
Será que nos outros lados do mundo também é assim? Porque razão os oradores não se dirigem a toda a gente que têm à sua frente sem distinguir ninguém em especial. Não percebem que ao quererem cumprir a etiqueta com todos acabam por não premiar nem invocar ninguém em especial.
Que diabo: Custa alguma coisa dirigirmo-nos a todos, mesa e plateia incluidas, soletrando apenas 'Senhoras e Senhores', o que formalmente também cai bem e é prático ou, por exemplo, 'companheiros', expressão que implica mais proximidade e menos solenidade e resolve tudo com uma só palavra?
Nós, por cá, usamos palavras a mais nas cerimónias. O que nos sobra em rebicoques, falta-nos no conteudo e nas ideias. O mal talvez seja do dicionário, onde existem milhares de expressões que não servem para nada, a não ser para alguns eruditos mostrarem a sua linguística evoluida e envaidecida.
Tudo espremido... é como o limão em fim de curso.
Não foi o caso nas comemorações dos Bombeiros.
V. Exas desculpem qualquer coisinha.